Fazer mais, render mais em tudo o que fazemos, é uma angústia que a vida digital e a mudança na dinâmica do trabalho nos trouxe. Somos pressionados a dar mais resultados, em menos tempo e com menos recursos. Mas, será que ser produtivo é isso mesmo?
Trabalhando em uma empresa, sendo autônomo ou empreendedor, todos os dias você tem uma grande lista de coisas para fazer e aquelas 8, 10 ou 12 horas nunca são suficientes? Você lê com avidez todos os posts e artigos sobre produtividade que passam na sua timeline? Já instalou alguns aplicativos para lhe ajudar a ter mais foco e organizar as suas tarefas? Eu também!
Métodos e aplicativos ajudam, mas na minha experiência, não resolvem o ponto principal dessa questão. Se você está lendo esse artigo, deve ser tão digital quanto eu, navegar nas redes sociais com frequência, usar o Internet banking, pesquisar, escolher, comprar o que precisa em e-commerces e desfrutar de outras facilidades existentes online.
E você precisa, sim, ser muito produtivo para acompanhar a velocidade com que tudo acontece e a enorme demanda que a vida digital nos coloca. A quantidade de tarefas que assumimos é impressionante, se compararmos com alguns anos atrás. Alguns processos, surpreendentemente, eram mais simples e ainda tínhamos assistentes para fazer uma parte do que nós mesmos fazemos hoje!
O digital facilita ou complica?
Você vai lembrar que não faz muito tempo, se queríamos comprar um remédio, entrávamos na farmácia, às vezes já com o dinheiro na mão, pedíamos o que queríamos, recebíamos, passávamos no caixa e em 3 minutos, já estávamos na rua. Aí vieram os controles de estoque online, os cadastros para que tivéssemos descontos – e nossas informações fossem capturadas para os bancos de dados! – e o pagamento em cartão. Você consegue sair da farmácia hoje em menos de 10 minutos? Se for para comprar antibiótico então? Põe mais 10 minutos aí!
Cadê o seu tempo, ou cadê aquela pessoa cuja função era fazê-lo render mais, se ocupando de algumas tarefas em seu lugar? Já era!
A tecnologia nos trouxe um mundo novo, um alcance a notícias, informações, cursos, pessoas, que não podíamos imaginar! E além disso, vemos, na maioria das redes sociais, uma vida onde todos têm trabalhos gratificantes, fazem viagens espetaculares, estudam em universidades americanas, participam de eventos incríveis e ganham rios de dinheiro. E logicamente, são muito produtivos.
Resultado: um estresse que não tínhamos antes. O acúmulo de tarefas, a rapidez com que se espera que as coisas aconteçam, o excesso de exposição e de opções podem nos deixar mentalmente esgotados.
Não quer dizer que vamos rejeitar a tecnologia, até porque isso não é possível! Ao contrário, devemos manter cabeça e braços abertos para as tecnologias que virão, tirando o melhor proveito delas. Ao mesmo tempo, garantir equilíbrio mental e emocional para não nos perdermos em tudo o que nos é oferecido.
A vida online é rica, divertida e nos conquista, a ponto de investirmos muito do nosso tempo em diferentes cenários. É comum nos envolvermos sem pensar se aquela meia hora no Face ou no Instagram ou num joguinho divertido nos leva em direção ao que queremos, se contribui para que tenhamos uma vida melhor.
Na maioria das vezes, não percebemos, mas essas atividades nos consomem e nos estressam. Quantas vezes no fim do dia nos damos conta que faltou fazer algo importante? Até o LinkedIn, que é farto de bom conteúdo, de debates que fomentam novas ideias, muitas vezes é como um redemoinho nos puxando para o fundo! Quanto artigo bom para ler, quanta discussão que eu queria participar!
Mais produtivo ou mais seletivo?
Bem, a essa altura, você deve estar pensando que falei, falei e só nos resta tentar ser mais produtivos mesmo, não é? É, mas isso significa que temos que produzir tanto quanto nossos recursos permitam. E é por isso que mencionei anteriormente que temos que observar a nossa saúde mental e emocional.
Nas entrevistas que fiz para o artigo “Atualize-se ou Morra”, a questão era obter ideias que ajudassem as pessoas que são mais lentas a dar conta desse volume de coisas que recebemos e numa rapidez enorme! Nessas conversas, o Mórris Litvak fez uma pergunta que eu adorei e até me deu um certo alívio.
Estamos mais lentos mesmo ou tudo está muito mais rápido?
E foi essa pergunta que me trouxe a este artigo. Já que a ciência anda derrubando o mito de que ser multitarefa não nos faz mais produtivos, é um bom momento para uma parada de reflexão, não acha?
- Como nos impacta toda essa velocidade, a visibilidade e a pseudo-felicidade que vemos?
- Quanto dessa impressão de que os outros fazem mais, viajam mais, estudam mais, ganham mais do que nós é real?
- Quanto estamos nos cobrando, sem pensar se aquilo é mesmo importante para o que queremos na nossa vida?
- Estamos concentrados no que é bom para os nossos objetivos ou dispersos num mar de novidades e influenciados pelas conquistas alheias?
- Estamos tentando fazer tudo sozinhos ou procuramos parcerias que nos completem naquilo em que não somos tão eficientes?
Compartilho com vocês o que tenho feito e que me ajuda quando entro na crise da improdutividade, me cobrando que poderia ter feito mais:
- Olhar para dentro. Sempre arranjo tempo para me revisitar. Será que aqueles sonhos, aquelas metas que coloquei lá trás ainda são válidas? Ainda desejo a casa própria ou morar de aluguel vai me dar mais flexibilidade, mais mobilidade? Você quer mesmo atender 20 clientes por mês ou 10 serão suficientes para a vida que você quer e ter mais tempo para a família?
- Simplificar. Procuro novas soluções para tudo o que me parece difícil de tratar ou que me arrasto para fazer. Antigamente, eu tinha uns planos super elaborados e sei que existem pessoas que gostam de colocar suas metas em planejadores, aplicativos, cadernos, tabelas. Alguns vão do planejamento de longo prazo, sejam 5 ou 10 anos, e vão detalhando e trazendo até às menores ações. Eu agora uso duas planilhas, com objetivos anuais e mensais que reviso periodicamente e todo o detalhe já entra na agenda do Google. Assim não tenho que diariamente entrar em aplicativos, arquivos ou o que for. Tudo está em um só lugar à vista. Sempre que sentir que uma determinada tarefa está pesada para ser cumprida, olhe para os seus processos e procure o que for mais simples para você. Vale a pena!
- Delegar, terceirizar. Com tanto aplicativo grátis para fazer de um tudo na Internet e mais os tutoriais do YouTube, temos a tendência a achar que devemos ou podemos fazer tudo. Afinal, é tão fácil e tem alguém ensinando o passo-a-passo grátis! Faça e aprimore apenas aquilo que você gosta e tem habilidade para executar num tempo razoável. Se você demora muito ou nem gosta tanto, arranje alguém para fazer para você, seja pagando ou trocando por meio de parcerias. Eu adoraria criar um novo site (e até entendo um pouquinho) porém é muito mais produtivo para mim pagar alguém que o faça como eu quero, que investir o tempo de atender um cliente em aprender como fazer o site, mesmo que existam cursos e tutoriais para isso. Faz sentido?
- Parar de se comparar. Somos únicos, cada um com suas características, seus pontos fortes e fragilidades e principalmente, cada um tem seu tempo. Se começo a me sentir muito pressionada, dou um tempo e deixo até de acompanhar meus concorrentes por uns dias. Olho para as minhas conquistas e deixo vir o sentimento de satisfação pelo que já realizei. Examino meus planos e até acrescento algum ponto que talvez não tivesse percebido antes que poderia desenvolver. Relembro o que tenho a agradecer e a comemorar. Sentir-se em movimento e em crescimento costuma baixar a ansiedade. Experimenta fazer esse exercício constantemente!
- Priorizar, selecionar. Faço tudo para executar aquilo que é realmente importante para os meus planos e objetivos e o resto, deixo para lá. Lembro que estar com pessoas queridas e cuidar da saúde tem que estar entre as prioridades de todo mundo! Selecionar o que devemos fazer e como distribuir o tempo que temos ajuda muito a acalmar o coração. Então, termino todos os dias de trabalho avaliando o que fiz e definindo as três prioridades para o dia seguinte. Missão cumprida, nos sentimos mais produtivos, de verdade!
E você, o que faz para não se cobrar além da medida, para não ser sugado pela dispersão que está à sua volta, para manter o foco no que é importante e no que verdadeiramente lhe faz feliz?
Seria espetacular se cada um que lesse esse artigo, deixasse sua contribuição nos comentários. Vai ser mais para ler? Vai! No entanto, esse é um dos segredos: compartilhar angústias, saber que mais gente sofre da nossa aflição e receber boas ideias que possam nos levar a um novo caminho, mais satisfatório e mais saudável.
Viver de maneira mais leve e gratificante é que é fantástico e significa realmente ser produtivo!
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