Você pode estar certo que isso acontece com quase todo mundo. O que varia de uma pessoa para outra é a frequência e o motivo pelo qual acontece. E também como cada um lida com essa situação. O fato é que acordar atrasado causa muito sofrimento para algumas pessoas, mas não precisaria ser assim, se parássemos para analisar a situação! Vem comigo!
A maioria das pessoas ao ler esse título vai primeiro pensar: “ah… quando estamos desmotivados é assim mesmo”.
É verdade! Mas posso dizer, por experiência própria, que nem sempre é o caso. Não quer dizer que nunca tenha acontecido comigo de estar desmotivada mas, foram poucas vezes e, nesses dias, não dava medo de não acordar. Dava era vontade de mudar tudo.
Estar mais ou menos feliz não interferia no meu sono. Meu problema era acordar às 6:30 da manhã. Simplesmente não funcionava.
Desde que eu me entendo por gente, o meu despertar sempre foi muito difícil. Quando eu era criança, minha avó se encarregava da tarefa e fazia o possível para que eu saísse da cama. Chamava carinhosamente, dava batidinhas nos braços, fazia cócegas, puxava o dedão do pé. A tática usada dependia do humor dela no dia e do tanto que eu demorava a escutar o chamado.
Lembro de ter uns 9 anos de idade e ela me falar que eu sentava na cama, dizia que ia levantar e, mal ela virava as costas, eu deitava e dormia outra vez.
Bullying na escola e no trabalho
Sofria bullying, claro, e bronca em casa. Sempre estudei pela manhã e era a que chegava esbaforida na escola. Quando comecei a trabalhar, quase sempre era a última a chegar na empresa. Não quero dizer que me atrasava com frequência, até porque, naquele tempo, a gente sofria punição se atrasasse. Mas todos sabiam da minha dificuldade, e riam disso. E eu me sentia bem mal, porque não tinha ideia do que fazer.
Eu só sabia que não escutava o despertador, fosse alarme sonoro, música ou alguém me chamando, mesmo que tivesse dormido muitas horas. Só não era pior porque sempre tive ótimas notas, depois fui boa profissional e me desenvolvia bem no que estivesse fazendo. Então, minha imagem não sofreu muitos danos.
Na primeira empresa, fiquei 19 anos, e, apesar da zombaria, não tive problemas. Talvez ajudada pelo fato de que os chefes que tive por lá, não chegavam muito cedo. Aí mudei de empresa e caí num lugar onde todos, todos mesmo, do presidente ao meus pares, chegavam às 7:30 h, quando o início do expediente era às 8 h.
Eu morava em outra cidade e não podia mudar imediatamente. Também não podia sair mais cedo de casa, porque tinha que deixar o filho na escola. Eram 100 km para chegar lá. Volta e meia acontecia alguma coisa no caminho e eu chegava 5-10 minutos depois das 8 h.
E recebia “aquele olhar” de quem cruzasse comigo ainda com a bolsa no ombro.
Foram alguns anos assim, até que veio o horário flexível e pude me adaptar, chegando e saindo mais tarde, embora sair mais tarde não fosse uma novidade. O ponto aqui era oficializar. Ainda assim, dependendo da equipe com quem estava trabalhando, esse assunto sempre voltava, com uma certa ironia, mesmo quando eu já ocupava um cargo diretivo. Pasmem!
Por que coisas assim acontecem?
Porque ainda precisamos evoluir muito nas nossas relações, desenvolver a empatia, principalmente no mundo corporativo. Respeitar a singularidade de cada pessoa, entender que temos características diferentes e que a atenção deve ser dada ao que podemos fazer pela equipe, pela empresa e pelo futuro de todos nós, independente do horário que cumprimos.
Já falamos em home office há tanto tempo e, até agora, existem pessoas que acham que quem está trabalhando fora do escritório está enrolando. Implantamos o horário flexível, mas, se só uma pessoa deseja adotá-lo, os outros olham atravessado. Já deveríamos todos agir para que os profissionais estivessem felizes e satisfeitos, pois assim produzem mais, mas muito disso ainda está nos livros e discursos, e não na prática.
Eu, do alto da minha ingenuidade, fui levando a vida achando que era assim mesmo. Sabia que era do tipo vespertino mas, nunca entendi bem o porquê da dificuldade nos momentos finais do sono, pois amava o que fazia e, quando acordava, ia feliz pro meu trabalho.
Como tinha bons resultados, minha carreira se desenvolveu bem, apesar dessa discriminação, e nunca busquei entender melhor o que passava ou se poderia haver algo a fazer para ter mais comodidade.
E sabe por quê estou contando essa história aqui?
Porque só recentemente descobri que muitas coisas que nos rotulam durante a vida, não precisam ser desta forma, se nos conhecermos bem e sairmos dessa atitude de “é assim mesmo” ou “eu sou assim”.
Um outro exemplo sobre pensar que algumas características não podem ser mudadas é que sempre fui a que não gostava de balada, de música alta. Era a “chata”, e hoje sei que tenho um limiar muito baixo de audição. Assim me incomoda o ruído excessivo. Já pensou se eu tivesse descoberto isso quando tinha 20 anos? Não teria me sentido e sido chamada de “chata” por muito tempo, porque simplesmente teria explicado às pessoas o motivo de preferir outro tipo de programa.
Eu sofri toda a minha vida com a hora de acordar, e só me dei conta realmente dessa angústia quando pedi uns dias de férias para pensar como iria dar sequência à minha carreira. Nesses poucos dias, me desliguei totalmente do trabalho, não tinha compromissos de qualquer espécie e foi quando percebi que havia passado a vida indo dormir todos os dias com medo.
Medo de não acordar, de perder a reunião, do julgamento alheio. Medo de enfrentar aquele olhar disfarçado de reprovação ou a risadinha no canto da boca, quando era algo que eu pensava que estava totalmente fora do meu controle. E aí, fui atrás de como resolvê-lo.
Existe muita coisa para fazer e tirar você dessa agonia, ou qualquer sentimento que se pareça com isso, se você der atenção e assumir que nada é “assim mesmo”.
Você pode se apropriar de várias técnicas para criar novos hábitos para acordar melhor, para ter um sono mais repousante, para dormir melhor e encontrar o ritmo que funciona para você. Existem também aplicativos que ajudam a monitorar o sono e despertar na hora mais adequada ao seu ciclo de sono.
Não se deixe levar pela vida corrida, onde você tem que entregar cada vez mais, sem olhar para o seu próprio conforto e paz de espírito. Investigue!
Passa por algo parecido? Procure se conhecer mais, ver o que lhe faz feliz e o que lhe atormenta. Consulte um médico para entender melhor o que se passa, como é possível mudar o que lhe ocorre ou se você terá que mudar seus horários ou quem sabe, para um emprego com mais flexibilidade, por exemplo.
Ninguém merece viver esse tipo de angústia diariamente.
Você, que leu até aqui, já passou por isso ou por situações semelhantes?
Sou Especialista em Carreira e Marca Pessoal, e o que mais gosto desse trabalho é impulsionar o crescimento das pessoas, contribuindo para que se sintam mais contentes com suas vidas. Se quiser saber mais, entre em contato comigo.
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